terça-feira, 15 de junho de 2010

Relatório

Instituto Federal de Goiás - Campus Uruaçu
Disciplina: Português
Profª.: Maria Aparecida
Alunos(as): Iasmine Florinda Ribeiro Fonseca
Larah Thaís Neres Fabrício
Luana Moreira dos Santos
Mariella Mendes Paganini
Curso: 2º ano Integrado - Edificações

Não é de hoje que a população negra vem sofrendo preconceito e discriminação simplesmente por possuir uma cor mais escura.
Tais preconceitos, no passado, foram associados ao pecado, ou seja, aquela cor escura e “suja” era resultado de uma vida de pecados e para serem perdoados os negros deviam trabalhar como escravos enquanto viverem.
Apesar de estarmos em pleno século XXI a idéia da inferioridade negra persiste. Para muitos seu lugar ainda é a senzala, sujeitos a uma vida de serviços e trabalho duro.
Por que a sociedade ainda é tão preconceituosa? Isso é muito difícil de se responder. Talvez envolva principalmente educação. Muitos brancos foram criados para serem superiores e acreditam mesmo ser isso. Os governantes, em grande parte, também não se comprometem, ou melhor, não cumprem a promessa de fazer da sociedade um lugar de igualdade e respeito mútuo.

Preconceito, a própria palavra já diz, este é um pré-conceito da sociedade com determinados indivíduos. Não é porque é negro que é sujo, não é porque é negro que é ladrão ou traficante, não é porque é negro que tem que morar na favela, se ele está lá é porque não teve escolha, não é porque é negro que é “burro”, pobre e mal educado, se ele é assim foi porque a sociedade negou uma boa educação a ele.

É comum encontrar pessoas negras que sofreram discriminação por sua cor. Porém Joel Sousa de Oliveira, 58 anos, foi um caso a parte. Advogado formado, casado com uma mulher de pele clara e pai de três filhas, Joel mora em Uruaçu há 25 anos. Ele foi escolhido por nós para a realização da entrevista do nosso projeto de “Cultura Afrodescendente na Localidade”, no qual investigamos e procuramos entender os vestígios desta cultura no nosso município. Ao perguntarmos a ele sobre os preconceitos sofridos devido sua cor, afirma que em relação a emprego e a relacionamentos nunca teve problemas, mas sentia-se discriminado na infância, dentro da própria casa, sentia-se rejeitado, sem muitos privilégios e sem a atenção recebida pelos irmãos. Vivia numa casa muito simples e vestia-se humildemente, apesar do pai não ser um homem pobre.

Sem apoio familiar Joel relatou, em entrevista, o fato de ter sido amparado por pessoas de fora que o incentivaram a estudar e a correr atrás da tão sonhada melhoria de vida. E foi exatamente o que ele fez. Entrou em uma universidade e formou-se em direito.

Hoje, apesar de não ter tido muito reconhecimento no passado, Joel tornou-se o chefe da família, tem uma vida relativamente boa e afirma que não sofre nenhum tipo de preconceito. Cremos que ele não foi a pessoa mais adequada para realizar o trabalho, pois além da cor não possui semelhanças ou vestígios próprios e característicos dos afrodescendentes, mas foi a única pessoa que se disponibilizou a nos dar uma entrevista, mas enfatizamos que isso não foi motivo para que esta deixasse de ser proveitosa.

Ao término de todo este trabalho chegamos à conclusão de que não há uma maneira rápida e simples de se acabar com o preconceito, não há uma receita pra isso. Todavia, podemos começar mudando nossos próprios valores e eliminando nossos próprios preconceitos. A exemplo disso podemos citar expressões usadas por nosso entrevistado ao referir-se a sua cor como “queimadinho” e com “tinta demais”.
Mudar valores parece uma atitude ínfima em meio a tantas outras que poderiam ser tomadas, mas cremos que o caminho é esse: primeiro aceitar que nós mesmos somos para depois definir e, se for possível, julgar os outros.

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