quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

COMUNIDADE QUILOMBOLA - CAVALCANTE

Crônica

Pirâmide invertida

Quando pequena, provavelmente por causa das histórias que ouvia em casa, percebia os andarilhos como pessoas meio fantásticas, misteriosas, do tipo que não revela sua verdadeira identidade por um motivo grandioso, nobre. Anjos ou demônios disfarçados, rondando a terra para intervir na vida dos homens, talvez. Não tinha certeza.

Recentemente encontrei um deles. Distraída com uma leitura interessante acabei chegando atrasada para a feirinha da quarta-feira na minha cidade. Já restavam poucas bancas e nelas poucas verduras. Mesmo assim, preferi comprar as verduras da semana lá, porque são mais saudáveis, “orgânicas”, como alguns feirantes já aprenderam a classificá-las para atrair os fregueses ou justificar os preços. Comprei pequi, os primeiros deste ano, queijo curado e fui então procurar tomates. Quando estava escolhendo um andarilho aproximou-se da banca. Olhei-o esquecida da desconfiança que tinha deles.

Este era um homem ainda jovem, negro, de cabelos avermelhados talvez queimados de sol. Sorriu com todos os dentes e ficou por ali. Parei de prestar atenção nele e me concentrei no ato de escolher os tomates. Comprei também as últimas mangabas naquela mesma banca e saí.

Já na saída da feira procurei o troco que havia recebido na banca de queijo e não encontrei. Voltei lá, olhei ao redor e nada. Se tem uma coisa que me deixa chateada é perder dinheiro. Acho até que esta foi a primeira vez. Em casa vasculhei os bolsos, a carteira, as sacolas de compra e nada. Sou muito cuidadosa, mas desta vez alguma coisa meio estranha aconteceu.

Mais tarde fiquei pensando no dinheiro. Aquele pesar... Fiz as contas e descobri que não era muito. Puxa vida, perdi mesmo. Então veio a descoberta. O andarilho! Foi ele quem ficou com o dinheiro. Então comecei a repensar aquele momento. Ele não comprou nada, mas se dirigiu para a banca como se esperasse encontrar alguma coisa – o meu dinheiro. Ele já o estava vendo! Pegou e saiu. Foi isso.

Bom, se foi ele, não faz mal, pensei. Até aceito perder o troco. Imagino que tenha sido levado até ali por alguma intuição para encontrar exatamente aquele dinheiro, talvez estivesse com fome ou precisando de qualquer outra coisa.

O que procuram as pessoas quando saem assim caminhando? O que os fizeram desistir da segurança e da estabilidade da família, do trabalho certo, do salário no final do mês? Resolveram não fazer parte das organizações estabelecidas pela sociedade, pelos sistemas que colocam cada um no seu lugar? Por que as pessoas saem caminhando assim, sem rumo, deixando familiares, casas e a própria história para trás? Loucura ou desejo de liberdade, crença em algo extraodinário, sei lá. Fuga, rebeldia, inquietação? Resposta definitiva a uma situação de abandono a que foram colocados por alguém? Alguns vivem, conscientemente, o hoje, como os niilistas, outros, sequer percebem o agora, mas todos rebeldes de alguma forma.

Rebeldes também foram os românticos e os hippies contra uma organização preparada para enquadrá-los e formatá-los para que seguissem um caminho previamente percorrido por outros. Quanto custa dizer não ao modo de vida escolhido e aceito pela maioria? No final, quando tudo se acabar (ou começar) creio que teremos a resposta. Imagino a surpresa quando virmos a pirâmide dos valores invertida e os miseráveis, pobres, esquecidos em situação privilegiada.

Uruaçu, novembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Crônica Uruaçu

NO MEU TEMPO NÃO ERA ASSIM

No meu tempo Uruaçu era uma cidade pequena. Os poucos moradores que tinha vinham das fazendas próximas em busca de escola para os filhos. Mais tarde é que a população foi aumentando. Muitas famílias e, principalmente homens sozinhos vieram para cá atraídos pelo garimpo de ouro. Nós não, já estávamos aqui e nossa chácara abarcava os dois lados do rio. Talvez por isso eu pensasse que esse rio era nosso. Eu e minha irmã mais velha o vigiávamos dos outros meninos bagunceiros que teimavam em tomar banho no nosso rio. O Rio Machombombo.

Muitas passagens eram usadas pelas mulheres lavadeiras de roupas. Elas também me incomodavam com sua cantoria e destemor. Não faziam conta da minha figura ali plantada e nem se importavam com a minha cara feia quando eu passava perto dos seus batedouros e parava com as mãos na cintura esperando que olhassem pra mim para então desferir-lhes na cara com os lábios semicerrados: este rio é meu! Elas riam e continuavam a bater e a esfregar as roupas retiradas de grandes trouxas que traziam na cabeça, feito formigas cabeçudas. De vez em quando erguiam a cabeça e gritavam com os filhos que brincavam ao longe, qual macacos, subindo nas árvores e pulando na água.

No meu tempo era uma delícia nadar nos pocinhos formados ao longo do Machombombo. Quando estava calmo suas águas eram muito limpas. Podiam-se ver as pedrinhas brancas no fundo e os peixinhos nadando. Quando chovia ele transbordava, ficava feroz, atirava-se com força nos barrancos até derrubá-los. Então se alargava. Pra nós era um tesouro. Ninguém mais tinha um rio como aquele passando no fundo de casa.

O tempo passava devagar e a gente nem se dava conta. Os dias eram grandes. Não me lembro quando, mas um dia percebi que havíamos crescido. Já não vigiávamos o Machombombo. A cidade começou a ficar diferente, o rio também. Ruas eram abertas com rapidez impressionante por tratores barulhentos. Hospitais, restaurantes e hotéis eram construídos a todo vapor. Tudo mudava rapidamente naquela época. As moças também mudaram muito o modo de namorar.

Ah, no meu tempo não era assim. No meu tempo os romances estavam prontos nos sonhos da gente. Era só abrir os olhos e ficar sentada ouvindo o barulhinho das águas descendo e pulando sobre as pedras e tudo acontecia de novo. As paisagens mudavam, mas o príncipe não. Era sempre o mesmo. Decorei-lhe a face bela, o sorriso, a roupa, porque o sonho se repetia sempre.

O rio perdeu o encanto. Eu perdi o encanto também. Não sonho mais às suas margens com o príncipe encantado que viria em um enorme barco vestido de marinheiro e quando me visse assim, vestida de princesa, se apaixonaria, me pediria em casamento e nos casaríamos ali no barco mesmo. O Padre não ia se negar diante de um amor tão lindo! Todos assistiriam admirados e invejosos da sorte da mocinha custosa que achava que era a dona do rio.

O tempo passou, o príncipe não veio e eu me tornei adulta. Talvez por fidelidade o rio também se entristecesse, tornando-se escuro, taciturno depois raquítico. Não era assim sombrio o rio Machombombo. Franzino e hostil não encanta mais ninguém. Talvez pela chegada de tantos novos moradores, cada qual querendo ganhar mais, numa competição assustadora. Brigavam por espaço. Naquela época compravam tudo que quisessem vender. Os moradores antigos ficavam admirados com a facilidade com que adquiriam os lotes, as casas, as chácaras e construíam casas diferentes das nossas. Meu pai resistiu o quanto pode. Acabou vendendo meu rio.

Suas águas acabaram ficando sujas e mal-cheirosas, não convidam mais aos sonhos. Fizeram praça de lazer às suas margens pra ver se atraía o povo. Nunca vi ninguém sentado naqueles bancos pra namorar ou conversar. No meu tempo os galhos das árvores é que serviam de banco onde a gente se sentava e brincava de ser macacos.


Texto produzido pela Professora Maria Aparecida de Oliveira Borges– Instituto Federal de Educação de Goiás – Campus Uruaçu, baseado na história da infância da amiga Hilda.

sábado, 18 de dezembro de 2010

CACHOEIRAS INDOMÁVEIS

Quando li pela primeira vez Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas dizendo que “Viver é muito perigoso... [...] Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o consertar consertado” achei difícil de entender, exagerado até. Onde estava o perigo? Viver era tão simples. Não havia nada pra ser consertado no mundo. Eu estava errada.

Acabei descobrindo que o perigo é real, existe mesmo e com várias faces. Que a raiz do mal está dentro da gente, e fora também. Que não conseguimos consertar o mundo. Descobri, por outro lado, que há aqueles que estão no lugar de corrigir e não o fazem. Percebi pais despreparados para educar, autoridades corrompidas pelo poder e vítimas amedrontadas. Elementos perfeitos pra formar o círculo vicioso que perpetua a ferocidade dos arrogantes e prepotentes que agridem, batem e até matam porque se julgam intocáveis, acobertados, protegidos, acima do alcance da justiça humana.

Violência não sentida, vista de longe parece ficção. Real mesmo é quando acontece em casa, com o filho da amiga, seu ex-aluno, aquele que você conheceu adolescente, engraçado, descobrindo o mundo. Aí sim, a gente sente uma espécie de revolta, nojo, medo de viver, vontade de vingar ao saber que ele foi espancado, chutado, com toda crueldade que se pode imaginar.

Esta madrugada três jovens da cidade de Uruaçu atacaram outro covardemente. Nem pergunto o motivo porque não vejo nenhum que justifique a violência do espancamento. Tal como aqueles de São Paulo que depois de serem vistos na filmagem foram desbancados do papel de filhos da mamãe que cometeram apenas um deslize no agito da turma espero que esses também sejam desmascarados.

São muito conhecidos e tal como os outros tem a certeza da impunidade. São importantes, tem dinheiro e por isso gozam de certas regalias na comunidade. Às vezes nem são denunciados. Não é a primeira vez que espancam seus desafetos. A estratégia é sempre a mesma. Agem em grupo. Um provoca, dando o primeiro murro e os outros chegam junto. Os "outros", fiquei sabendo, nem são parentes. São aqueles que, no resquício do coronelismo, se juntam a eles na defesa, talvez esperando algum benefício. Em outras palavras os "bate-paus".

Esse tipo de comportamento desqualifica o que há de mais notável no homem, a capacidade de se comunicar, raciocinar e resolver questões com diplomacia. Um paradoxo do nosso tempo. Na era da comunicação os jovens resolvem seus “conflitos”na porrada.

Amedrontam porque são perigosos, indomáveis e imprevisíveis. Guimarães Rosa dando voz ao matuto de muitos anos atrás, cujo medo principal estava atrelado ao misticismo, à crença de que viver é negócio muito perigoso em face dos desassossegos causados pelo demônio, conclui afinal, que muitos dos medos existem só dentro da gente. A cachoeira não passa de um morro com água caindo em cima dele. Desmancha-se o morro e acaba-se a cachoeira. O medo de hoje, entretanto, é mesmo de pessoas - cachoeiras bravias, morros de concreto. Quando serão derrubados?



Maria Aparecida de Oliveira Borges
Professora L. Portuguesa
Instituto Federal de Goiás – Uruaçu

sábado, 10 de julho de 2010

Crônica


Crônica para pensar

Pelo menos uma vez por mês vou à Lotérica pagar contas. Sem perceber fico ali observando o comportamento das pessoas enquanto espero minha vez de ser atendida. Em geral ficam apáticas, preguiçosas, entediadas com a espera. Quase não falam umas com as outras. Parecem emburradas. Só quando entra um compadre, uma colega de trabalho é que o clima muda. Aí não tem jeito, a gente acaba se esquecendo do tempo perdido na espera.

Neste mês aconteceu algo diferente. Estávamos ali assentados, senha na mão, olhos grudados no marcador, quando um senhor idoso quebrou o silêncio com voz forte. Reclamava seu direito de ser atendido prioritariamente, sem ter que esperar na fila do caixa “prioritário.” Falava com veemência desafiando os outros clientes da agência a esboçar qualquer opinião contrária. Ninguém se manifestou nem contra nem a favor. Assistiamos calados, reverentes.

Fiquei olhando pra ele com admiração. Analisei seu perfil: era negro, cabelos grisalhos, uns 65 anos, de óculos, vestido de camiseta e calça jeans, sapatos esportivos, uma figura comum, fácil de ser confundido com um negro qualquer que aceita passivamente as interpretações das leis feitas pelas mais diversas instituições brasileiras, em que o povo é tratado como gado que se leva tangido de um lado para o outro, indo sem saber por que e nem pra quê, tocado por mãos despreparadas, mas poderosas. É assim que caminha a maior parte do povo nesses lugares.

Aquele homem era diferente. Falou alto:

- A lei tem que ser cumprida. Não fui eu que inventei. Não vou ficar esperando, nem mesmo na fila dos prioritários. Devo ser atendido prioritariamente.

Olhava desafiadoramente pra nós e continuava:

- Não vou ficar em fila nenhuma! Lei é lei. Fizeram, agora têm que cumprir.

O caixa já o estava atendendo, mas ele continuava didaticamente argumentando. Pensei: que coragem! Eu não faria isso até pra não ser alvo dos olhares medíocres das pessoas. Tive vontade de conhecê-lo, saber onde havia aprendido a ser tão corajoso, mas não o fiz. Ele podia se ofender, me confundir com uma opositora dos seus direitos. Preferi guardar aquele momento como algo raramente visto na nossa sociedade. Algo pra se contar aos amigos que também o admirariam e o valorizariam por sua capacidade de argumentar em causa própria.

Interessante é que só percebi sua existência quando ele reclamou o seu direito. Lembrei então da conclusão a que chegou o filósofo e matemático Descartes quando questionou e colocou em dúvida todo o conhecimento aceito como correto e verdadeiro após duvidar da sua própria existência, mas comprovada ao ver que pode pensar e se está sujeito a tal condição, deve de alguma forma existir. “ Penso logo existo”.

Uruaçu, 28 de junho de 2010.
Maria Aparecida de Oliveira Borges

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Relatório Projeto Cultura Afrodescendente

O intuito da entrevista que realizamos era inicialmente para se abordar sobre a cultura afrodescendente em nossa região, porém o assunto que mais ou talvez o único abordado foi o preconceito contra negros.Isso por si só já demonstra que o que vem à cabeça de muitos ao se falar sobre afrodescendentes é a questão do racismo.Esquecemos completamente do assunto original. Isso por um lado é extremamente negativo, pois é a prova de que não tivemos capacidade de direcionar as perguntas e desenvolver uma pesquisa sobre o assunto inicialmente proposto,porém pode-se dizer que levantar questões sobre problemas que cercam os afrodescendentes é algo bem mais crítico do que simplesmente se levantar questões sobre sua cultura. Acredito que a intenção do MEC ao colocar a temática no PNE como algo obrigatório seja principalmente possibilitar o rompimento com o preconceito e limitações que ainda existem em relação aos afrodescendentes.

O professor Joel da UEG deu valiosos relatos sobre a questão do preconceito em relação aos afrodescendentes, o que podemos perceber foi o fato de que o pior e maior preconceito que cerca os negros é o que eles têm consigo mesmos. Joel afirma que nunca foi vítima de casos sérios de racismo, e que quase nunca se achou pior ou melhor que ninguém por sua cor de pele. Isso nos leva perceber que o principal problema é a questão dos negros se desvalorizarem, pois se criam cotas para negros e não para pessoas com menos acesso a educação. Será que uma pessoa negra possui menor capacidade que pessoas brancas? Na minha opnião não!

Como foi dito por Joel em sua entrevista, esse pensamento do negro ser inferior vem desde a época colonial,em que o negro como escravo que era tratavam-no como um objeto.Induziam-no a aceitar que ele não passava de um ser inferior e que aquela era sua única serventia.Como foi dito por Joel “Com a alforria lhe deram a liberdade mas não o direito a cidadania”.Mesmo após os libertarem eles continuaram a serem tratados com desprezo e principalmente a se verem com desprezo. O reflexo dessa visão pode ser percebido até hoje em cotas e coisas do gênero.

Joel que é graduado em direito afirma que perante a lei todo cidadão é igual e tem os mesmo direitos e que isso tem que ser colocado em prática. Essa visão tem que ser entendida principalmente por negros, pois muitos ainda têm a visão de serem inferiores. Há vários negros que realmente não tem condições muito favoraveis para se ter uma vida melhor,é um fato que não se pode negar. Porém o que se deve ser feito é concientizar a todos, brancos e negros, de que são todos iguais, e de se dar educação e oportunidades a todos de modo igual já que somos todos iguais.

Por quê uns têm mais vantagens do que outros?Isso deve mudar!Apesar da entrevista ter ido para um rumo um pouco diferente da intenção inicial,ela foi de certo modo extremamente lucrativa.

Por:Marcos F.Almeida

quinta-feira, 1 de julho de 2010

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Goiás
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora: Maria Aparecida Oliveira Borges
Licenciatura em Química I período



















Relatório 01. Afrocultura

Equipe: Gleyciene Marques
Ergino F. Sales
Matheus Couto
Emerson Correia















Uruaçu 29 de junho de 2010





Introdução

Os preconceitos raciais, a valorização da cultura afro como berço de nossas raízes, costumes, danças, a religiosidade, respeito às diferenças, direitos e deveres, as origens, lutas e conquistas tudo isso são pontos determinantes que devem ser esclarecidos e abordados, para que essas relações culturais que tanto ajudaram a formar uma única cultura que é a brasileira não se disperse e se perca no tempo.

Para a maioria das pessoas esses são assuntos de pouca relevância, sequer percebem que convivemos diariamente com uma realidade de preconceito e negação das próprias origens. Em geral, desconhecem que há uma grande parte da sociedade brasileira sofrendo os efeitos da discriminação no trabalho, na escola e no convívio social. É uma realidade não divulgada internacionalmente, mas velada, escondida até mesmo dos próprios sujeitos discriminados.

Buscando um maior conhecimento sobre essa temática pesquisamos, assistimos a palestras e entrevistas e finalmente visitamos a comunidade kalunga de Cavalcante.

Palestra e entrevista com professor José Dias “Todos nós somos negros”

Após ser recebido pelos professores e acadêmicos do IFG com o café da manhã o professor José Dias iniciou sua apresentação falando sobre os valores humanos, respeito entre as pessoas e as diferenças e religiosidade.

Ele disse ser tímido em lugares desconhecidos, mas que logo se familiariza com as pessoas, que devemos ter cuidado onde pisamos e “não passar por curvas para não achar garranchos” pois muitas vezes agimos de forma errada e sem pensar.
Apresentou toda vida de trabalho, sua infância, falou a respeito da sua comunidade e de outras. Leocarde de Arraias na Bahia casado com uma moça de Cavalcante Goiás deu nome a comunidade.

O quilombo é habitado hoje por cerca 116 pessoas, que para a sua formação passaram por diversos conflitos de terras e disputas com outros povos e fazendeiros.
Para ajudar na sobrevivência da comunidade existem projetos como o de confecção de bonecas e outros artesanatos locais.

Porém falta a influência de um líder para que a comunidade seja melhor desenvolvida e mais benefícios sejam levados.O governo ajuda no investimento necessário a preservação da identidade da comunidade, através de cesta básica, remédios, recursos em projetos regularizados, desde que seja registrado e certificado.

Porto de Leocarde mantém vínculos harmônicos e uma ótima relação entre diversas comunidades espalhadas pelo Estado de Goiás, como Cavalcante na Chapada dos Veadeiros e Pombal no Vale do São Patrício, onde essa união ajuda a preservar toda herança cultural.Comemoram diversas festas durante o ano como Festa Junina, Romaria de Sant'ana, dia de Santa Luzia, com danças tradicionais, tais como o chorado e a Dança de Zabumba.

Essa comunidade é uma das 252 comunidades quilombolas reconhecidas pelo Governo, e existem outras 77 não reconhecidas.

Visita a comunidade Kalunga de Cavalcante

Pela orientação de nossos professores do IFG e do professor José Dias, no dia 17 de junho de 2010, formamos um grupo de alunos e visitamos a comunidade Kalunga de Cavalcante a aproximadamente 280 km de Uruaçu, situada na Chapada dos Veadeiros.
Na chegada da cidade de Cavalcante conhecemos Isabel, descendente e moradora da comunidade kalunga, nossa guia durante toda visita. Nos hospedamos na pousada e fomos em direção a comunidade.

Chegando a comunidade conhecemos os outros guias e os moradores da casa. Almoçamos todos juntos e observamos a diversidade de influências culturais que a comunidade sofreu ao longo dos anos. A comida que comemos é toda produzida nas redondezas da comunidade, o arroz é plantado e colhido nas próprias terras, as verduras e legumes em hortas, e aves que são criadas por eles mesmos.

Após o almoço fomos explorar as cachoeiras da região, que apresentava uma rica reserva ambiental com diversidade da flora e fauna do cerrado. Nossos guias nos levaram a cachoeira da Capivara, um desfiladeiro cercado por uma vegetação exuberante, onde correm águas cristalinas.

No caminho o guia mais velho nos conta um pouco sobre suas origens. Ele diz não lembrar muito, pois sua avó não lhe falava muito sobre o assunto. Ele disse que os primeiros negros que fugiam das fazendas se abrigavam ali nas regiões mais montanhosas onde era difícil o acesso dos capitães do mato, e se encontraram com indígenas que habitavam a região, assim houve uma miscigenação de raças e culturas.
Apreciamos a beleza da cachoeira e banhamos em suas águas até o cair da tarde. Voltamos para a comunidade e quando chegamos já era noite e observamos o processo de fabricação caseira da farinha de mandioca. A mandioca já descascada é ralada em um ralo de angico, um pedaço do tronco de uma árvore com casca áspera. Essa massa coada em uma peneira é levada a um forno de lenha circular feito de barro com uma pedra no centro onde é espalhado a massa na sua superfície.

Presenciamos a torragem da farinha na hora que é ensacada e depois deixada para secar. No fim da produção são colocados galhos com folhas em cima da pedra para evitar o choque térmico, e uma possível quebra. Jantamos na comunidade, nos despedimos dos moradores e voltamos para a pousada. Tomamos banho e parte do grupo ficou descansando na pousada e a outra aproveitou para conhecer melhor a cidade.
No outro dia tomamos café em uma panificadora da cidade, e voltamos para pousada para arrumarmos nossas coisas e retornarmos a Uruaçu.

Com essa visita à comunidade de Cavalcante conseguimos aproveitar e vivenciar parte da realidade cultural dos Kalungas, um povo solidário, unido às outras comunidades, onde as pessoas apresentam uma rica diversidade cultural valorizada e conservada dos antepassados até os dias atuais. Que sobreviveram com seus próprios esforços durante muito tempo até serem reconhecidos pelo governo, em agosto de 2004.

Consideramos extremamente necessário esse tipo de investigação, especialmente para nós, acadêmicos dos cursos de Licenciatura, uma vez que atuaremos diretamente na sala de aula, tendo nas mãos a possibilidade de conduzir nossos estudantes à reflexão e à discussão das suas crenças fazendo com que pelo próprio desvelamento, as atitudes preconceituosas de alguma forma se reduzam e assim contribuamos para a construção de uma sociedade mais igualitária num futuro não muito distante.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Afrodescendente- Norberto Dias



Relatório

Iniciamos o trabalho com uma discussão sobre a cultura local dos afrodescendentes, em sala de aula. Em seguida elaboramos um questionário para entrevistar o afro descendente.
Descobrimos que de seus 73 anos, o senhor Norberto Dias das Chagas mora há 40 em Uruaçu, vindo de Niquelândia- GO sua cidade natal.
Esse senhor que antes converter-se ao protestantismo gostava de ir a festas, dançar forró e escutar músicas sertanejas e populares, agora prefere ir a igreja e escutar música gospel.
Com somente o ensino fundamental completo foi operador e agora aposentado, é vendedor de produtos naturais. Trabalhando honestamente sonha em comprar uma casa própria, onde possa viver com tranqüilidade junto a sua família.
Ao contrário da maioria dos afrodescendentes, disse nunca ter sofrido preconceito racial e nem discriminação qualquer. Fisicamente é negro, alto, forte e tem cabelos escuros e bigode. Apesar da aparência séria é uma pessoa dócil e de bem com a vida.
Coma apresentação do material de todos os grupos percebemos que o senhor Norberto foi um caso a parte em relação aos demais entrevistados. Vimos que os outros sofreram sim algum tipo de discriminação, ele não.
Uma coisa em comum entre os entrevistados foi que eles começaram a trabalhar muito cedo. Em geral a vida de um afrodescendente é mais difícil, pois vivemos em uma sociedade preconceituosa.

terça-feira, 22 de junho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Relatório

Instituto Federal de Goiás - Campus Uruaçu
Disciplina: Português
Profª.: Maria Aparecida
Alunos(as): Iasmine Florinda Ribeiro Fonseca
Larah Thaís Neres Fabrício
Luana Moreira dos Santos
Mariella Mendes Paganini
Curso: 2º ano Integrado - Edificações

Não é de hoje que a população negra vem sofrendo preconceito e discriminação simplesmente por possuir uma cor mais escura.
Tais preconceitos, no passado, foram associados ao pecado, ou seja, aquela cor escura e “suja” era resultado de uma vida de pecados e para serem perdoados os negros deviam trabalhar como escravos enquanto viverem.
Apesar de estarmos em pleno século XXI a idéia da inferioridade negra persiste. Para muitos seu lugar ainda é a senzala, sujeitos a uma vida de serviços e trabalho duro.
Por que a sociedade ainda é tão preconceituosa? Isso é muito difícil de se responder. Talvez envolva principalmente educação. Muitos brancos foram criados para serem superiores e acreditam mesmo ser isso. Os governantes, em grande parte, também não se comprometem, ou melhor, não cumprem a promessa de fazer da sociedade um lugar de igualdade e respeito mútuo.

Preconceito, a própria palavra já diz, este é um pré-conceito da sociedade com determinados indivíduos. Não é porque é negro que é sujo, não é porque é negro que é ladrão ou traficante, não é porque é negro que tem que morar na favela, se ele está lá é porque não teve escolha, não é porque é negro que é “burro”, pobre e mal educado, se ele é assim foi porque a sociedade negou uma boa educação a ele.

É comum encontrar pessoas negras que sofreram discriminação por sua cor. Porém Joel Sousa de Oliveira, 58 anos, foi um caso a parte. Advogado formado, casado com uma mulher de pele clara e pai de três filhas, Joel mora em Uruaçu há 25 anos. Ele foi escolhido por nós para a realização da entrevista do nosso projeto de “Cultura Afrodescendente na Localidade”, no qual investigamos e procuramos entender os vestígios desta cultura no nosso município. Ao perguntarmos a ele sobre os preconceitos sofridos devido sua cor, afirma que em relação a emprego e a relacionamentos nunca teve problemas, mas sentia-se discriminado na infância, dentro da própria casa, sentia-se rejeitado, sem muitos privilégios e sem a atenção recebida pelos irmãos. Vivia numa casa muito simples e vestia-se humildemente, apesar do pai não ser um homem pobre.

Sem apoio familiar Joel relatou, em entrevista, o fato de ter sido amparado por pessoas de fora que o incentivaram a estudar e a correr atrás da tão sonhada melhoria de vida. E foi exatamente o que ele fez. Entrou em uma universidade e formou-se em direito.

Hoje, apesar de não ter tido muito reconhecimento no passado, Joel tornou-se o chefe da família, tem uma vida relativamente boa e afirma que não sofre nenhum tipo de preconceito. Cremos que ele não foi a pessoa mais adequada para realizar o trabalho, pois além da cor não possui semelhanças ou vestígios próprios e característicos dos afrodescendentes, mas foi a única pessoa que se disponibilizou a nos dar uma entrevista, mas enfatizamos que isso não foi motivo para que esta deixasse de ser proveitosa.

Ao término de todo este trabalho chegamos à conclusão de que não há uma maneira rápida e simples de se acabar com o preconceito, não há uma receita pra isso. Todavia, podemos começar mudando nossos próprios valores e eliminando nossos próprios preconceitos. A exemplo disso podemos citar expressões usadas por nosso entrevistado ao referir-se a sua cor como “queimadinho” e com “tinta demais”.
Mudar valores parece uma atitude ínfima em meio a tantas outras que poderiam ser tomadas, mas cremos que o caminho é esse: primeiro aceitar que nós mesmos somos para depois definir e, se for possível, julgar os outros.

sábado, 12 de junho de 2010

Ser negro...


























1. O político mais poderoso do mundo é negro...
2. E o líder da oposição (Partido Republicano) também é negro.
3. A mulher mais rica e influente na mídia é negra.
4. O melhor jogador de golfe de todos os tempos é negro.
5. As melhores jogadoras de tênis do mundo também são negras.
6. O ator mais popular do mundo é negro.
7. O piloto de corrida mais veloz do mundo é negro.
8. O mais inteligente astrofísico na face da terra é negro.
9. O homem mais rápido do mundo é negro.
10. O cantor mais famoso do mundo era negro.
Patrícia e Cristiane


























quarta-feira, 9 de junho de 2010

Instituto Federal de Goiás

Uruaçu, 9 de Junho de 2010

Equipe: Eliana, Leidiane e lucineia

Turma: Licenciatura Plena em Química- 1º Período

Professora: Mª Aparecida de Oliveira Borges

O Brasil, um país de muitas raças e cores, de um povo que traz principalmente traços Africanos, abriga no seio da sociedade, ainda que veladamente, atitudes preconceituosas. Mesmo depois de 500 anos ainda permanece o ranço do início da colonização. É a herança de um passado escravagista, em que foi negado aos africanos as oportunidades de ingresso ao saber sistematizado e qualquer outra forma de expressão e crescimento intelectual. Numa terra em que houve uma intensa miscigenação de raças e 76% dos brasileiros são negros o preconceito parece incabível, mas existe.

Na disciplina de língua portuguesa, nós acadêmicos do 1° período de licenciatura em Química, do Instituto Federal de Goiás objetivando descobrir as práticas da cultura afro-descendente, nas localidades de origem dos estudantes, iniciamos um projeto afrocultura com o qual enriquecemos um pouco mais os nossos conhecimentos. As atividades de leitura do livro Abolição, um suave jogo político de Leonardo Trevisan, as discussões e debates em grupo e uma palestra apresentada por José Dias, professor e líder em sua comunidade deu-nos subsídios para ampliar os conhecimentos a respeito do assunto.

Ele é uma pessoa que vivencia essa cultura de forma intensa, pois é um afrodescendentee vive em uma comunidade Calunga da qual faz parte 116 membros. Por enquanto sua comunidade é Calunga mas passará a ser Quilombola porque apartir de 111 membros não pode ser mais Calunga e sim Quilombola. Isto vai demorar uns 4 meses ainda porque, pelas leis dessas comunidades, necessita-se de 6 meses para se tornar Quilombola e só tem 2 meses que estes 6 membros se somaram a eles.

A comunidade originou-se com seu avô Leocardio que veio de Arraias e a avó de Cavalcante. Ele andava distribuindo cartas e em busca de "sal e salário", como disse o professor.Na região não existia São Luiz do Norte e sim Barranca que hoje é Ceres. A distância dos portos ajudou a afastá-los dos capitães do mato que iam atrás dos escravos fugitivos e quando não encontravam pegavam seus filhos e mulheres. Isto faz mais de 100 anos.

A prática cultural existente é:

* Música: chorado e a suscia

* Religião: Predomina o catolicismo, mas existem os benzedores que desviam-se para o lado do espiritismo.

Quanto a Educação dos Calungas, possuem uma Escola ativa com 17 alunos no ensino fundamental e 22 alunos no ensino médio. Por divergências políticas estes alunos não frequentam a Escola Municipal Porto Leocardio, com isso a cultura vai mudando porque acaba tendo uma visão do mundo lá de fora e perde a originalidade, além de não ser vantajoso porque depende de maior tempo e facilitar a convivência dos alunos com drogas e álcool.

Algumas pessoas que se mudaram ainda continuam transmitindo um pouco a cultura e ajudando a comunidade. José Dias é exemplo disto. Ele ajuda a comunidade indo atrás de suprir suas necessidades dentro das possibilidades dele.

A comunidade Calunga é bem assistida pelo governo; eles têm direito a cesta básica, remédio e recursos para desenvolverem projetos.

Ele tinha preconceito contra si mesmo, hoje observa e já tira algum proveito disso e fala o seguinte: “É preciso trabalhar com o corpo a corpo para valorizar a cultura”. Todas as instituições públicas e privadas têm por obrigação trabalhar a cultura afrodescendente, pois se não há um impacto muito grande é porque as próprias instituições não permitem.




terça-feira, 8 de junho de 2010

Preconceito entre crianças!

Cristiane Silva Moreira e Patrícia Silva Moreira

2º ano Técnico Integrado em Edificações

Fonte: www.youtube.com

Afrocultura

Cristiane Silva Moreira e Patrícia Silva Moreira

2º ano Técnico Integrado em Edificações

segunda-feira, 7 de junho de 2010

afro-descendente

Instituto Federal de Goiás
Uruaçu: 07 de junho de 2010
Alunas: Vanessa, Thaynara e Fabíola
Curso: Técnico em Informática- 2°ano
Profª: Maria Aparecida



Entrevista com uma pessoa afro-descendente

Iniciamos o trabalho com uma discussão sobre a cultura local dos afro-descendentes. Em seguida elaboramos um questionário para entrevistar um afro-descendente.

A pessoa escolhida foi à senhora Rosa Ferreira Felix, de sessenta e oito anos de idade. Ela mora em Uruaçu há doze anos, é dona de casa e já trabalhou em lavouras.Em todo esse tempo de vida, dona Rosa nos demonstrou que traz consigo muita experiência de vida, histórias para contar e muita cultura na bagagem.

Em sua infância, dona Rosa teve passagem pelo Candomblé, uma religião em que seu tio era o chefe. Lá dona Rosa participa. Ela participava dos rituais e das danças. Por conta disso, nesse tempo as músicas que ela mais escutava eram as dos rituais. Por ser uma pessoa simples, dona Rosa sofreu muita discriminação, principalmente vinda de pessoas de classe financeira alta.

Até hoje ela não foi alfabetizada por ter que ajudar a família financeiramente e pegar no trabalho pesado quando jovem. Mesmo com todo o sofrimento que ela passou, dona Rosa ainda sonha em ter uma boa casa mobiliada e ter toda a família e filhos reunidos.

Com a apresentação do material de todos os grupos, leitura e pesquisas percebemos que a cultura afro-descendente é vivenciada, na maioria das vezes por uma população pobre e com baixa ou nenhuma escolaridade em conseqüência da discriminação e falta de oportunidades sofridas por essas pessoas.




quarta-feira, 2 de junho de 2010

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
Equipe: Carlos Alberto Sobrinho
Gabriel de Paula Oliveira
Rafhael Borges do Santos
Rodolfo do Nascimento Cardoso
Gênero: Relatório



Iniciamos o trabalho de desenvolvimento do Projeto de cultura local dos afrodescendentes com uma discussão em sala de aula sobre o conhecimento que nós temos sobre o assunto: suas práticas religiosas, culinárias etc.
No livro “A Abolição”, lemos que a escravidão (e até mesmo, consequentemente, o racismo) no Brasil, por muito tempo, foi justificada pela própria Igreja, apoiada pelo Estado e necessária ao sistema econômico da época, fazendo assim com que ela durasse; e que com a abolição, os negros continuaram “escravos”, pois seus ideais ainda eram de um.
Como parte das ações, entrevistamos o Sr. Joel, um professor que mora na cidade de Uruaçu. Ele, assim como muitos, é um afrodescendente. Conversamos bastante e ele nos contou toda sua história.
Uma das questões levantadas foi sobre racismo, pois queriamos saber se ele já tinha sofrido preconceito algum dia, e ele nos contou que praticamente nunca. Em seu local de trabalho, em toda sua história não ocorreu isso, exceto com sua família. Segundo Joel, quando pequeno e ao longo do seu crescimento, ele era rebaixado por sua família. Seus irmãos tinham benefícios, eram mais amados pelos seus pais. Joel conta que ele é o filho que mais puxou a linhagem negra, e por isso era rejeitado pela família.
Ele conta que apesar dessa grande tristeza que teve com sua família, não se deixou entregar, e seguiu de cabeça erguida, com o apoio de vários amigos que tinha. Trabalhava na casa de um antigo amigo e tinha bastante amizade com os filhos do patrão. Após terminar o segundo grau, com dedicação esforço, e apoio de seus amigos, ele seguiu para a faculdade onde se formou em advocacia. Após essa grande conquista começou a seguir sua carreira como advogado, e prosseguiu os estudos. Fez pós graduação e mestrado.
Joel se casou com a filha de seu ex-patrão e hoje tem uma bela família, ao lado de sua esposa e agora com três filhas. Conta que hoje é respeitado e admirado por toda sua família. E ainda ressalta: “.. de nove filhos, apenas eu tive o dignidade de me formar..” .
Ressalta, confiante, que por mais dificuldades que uma pessoa encontre, ela tem que acreditar em si mesma. Os negros não recebem muitas oportunidades mas reconhece também que, primeiramente, as pessoas em geral devem acreditar em si próprias, pois elas acham que são inferiores, têm ideias negativas de si mesmas, e o foco principal é acreditar primeiramente nelas mesmas, para assim conseguir vencer, e passar por todas as barreiras.

Concluímos com tudo isso que os negros necessitam ainda de um melhor tratamento, mas como o senhor Joel disse, elas devem primeiramente acreditar em si próprias para assim, seguir em frente, sem nenhum problema, e qualquer dificuldade que surgir, elas mostrarem que são capazes de derrubá-la assim como qualquer outra pessoa, seja ela de qualquer etnia.

terça-feira, 1 de junho de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

Liberdade Realidade ou Ilusão

Maísa Lousa dos Santos

Onde está a liberdade?
Será que alguém viu?
O Brasil é um país rico
Com seu povo juvenil.
Mas carrega uma triste historia
De um passado sangril.
A procura de riqueza,
Um grande povo destruía
Trouxeram os negros da África
E de escravos os faziam.
Viviam acorrentados
E chibatadas recebiam
Foram até comercializados
Sem nenhuma regalia.
Os negros mesmo sendo maltratados
Procuravam ser felizes
Carregavam sua culturas
Que eram sempre suas raízes
Dançavam, gritavam, saltavam,
Batiam seus atabaques nos calundus,
Entravam em contato com seus deuses
E seus ritos faziam.
Um dia uma princesa
Que da lei entendia
Libertou os escravos
Mas não a cidadania
Deu a eles liberdade
E não o direito a vida,
Existia o preconceito
O porquê ninguém entendia
E o pior é que ainda hoje
Se vive no dia-a-dia.
Onde está a liberdade?
Será tudo ilusão?
Onde estão os brancos,
Índios, amarelos e pretos?
Ainda são muitos os escravos
No mundo da hipocrisia.
Na luta da liberdade
Nosso povo se mistura
Juntando suas culturas
A procura de alegria
Na dança mistura seus ritmos
O samba, o batuque,
A capoeira e outros mais.
Alegrou o povo brasileiro
E neste momento
Vivem um mundo de paz.
Será que já raiou a liberdade?
Ou foi tudo ilusão?
Será que a Lei Áurea tão sonhada,
Não foi o fim da escravidão?
Hoje dentro da realidade
Onde está a liberdade?
Nunca podemos esquecer
Que o negro construiu
Com seu suor e sangue
As riquezas do Brasil.

domingo, 23 de maio de 2010

JORNAL

PAINEL POR MARIELLA - 2 EDIFICAÇÕES

FOTO

PALESTRA COM PROFESSOR JOSÉ DIAS

Tivemos no dia 22 de maio de 2010, das 8 às 11h30min, nas dependências do Instituto Federal de Educação, palestra com o representante da Comunidade Quilombola de Porto Leocárdio, o professor José Dias. Além de trazer informações importantes a respeito das políticas governamentais em favor das comunidades Afrodescendentes, concedeu-nos entrevista, respondendo às questões que norteiam os objetivos do Projeto Afrocultura local para os estudantes dos 1º s anos integrados de Química, Informática e Edificações e também os de Licenciatura em Química.

Contou-nos com muita naturalidade sua trajetória na educação e seu aprendizado e exercício de líder da Comunidade em São Luiz do Norte. Sua experiência demonstra a possibilidade de superação daqueles que não se curvam diante das dificuldades comuns a todos quantos se propõem a sair do lugar de acomodação e se arriscarem em favor de si mesmos e, principalmente, dos outros.

Parabenizo o professor José Dias pela demonstração de inteligência, sabedoria e simplicidade, adjetivos que nem sempre caminham juntos.

Maria Aparecida de Oliveira Borges

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Link de reportagem sobre os Calungas

http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/423/artigo68949-1.htm

Olá!O link acima da acesso a uma reportagem publicada em dezembro de 2007 pela revista Planeta: 'Calungas, a África no coração do Brasil'.
Gleyciene

terça-feira, 11 de maio de 2010

ENTREVISTA

OI PESSOAL,


A ENTREVISTA ESTÁ MARCADA PARA SÁBADO, DIA 15 DE MAIO, ÀS 8H.

NÃO FALTEM!

sábado, 8 de maio de 2010

Link para leitura de artigo

http://neafroucb.webnode.com/news
Artigo - A questão do preconceito, da discriminação e do racismo numa dimensão crítica

Instruções postar imagens, vídeos etc


As opções para postagens de documentos tais como folders, videos etc, estão no ícones próximos ( no alto) à caixa de texto.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

UTILIDADE: FOLDER DO SEMINARIO DE FILOSOFIA

Oi colegas!
Elaborei um layout do folder do Seminário de Filosofia do Prof. Leonne.
Só que não achei o lugar de anexá-lo aqui no Blog.

O grupo que se interessar mande-me um e-mail com o assunto:folder de filosofia que eu envio. Meu e-mail:ergino.sales@gmail.com
Pode também deixar aqui uma lista com os e-mails do(s) interessado(s).

Ergino.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Pedro trabalhador


Para o Dia do Trabalho falo do trabalhador Pedro, um homem especial que sempre pegou no pesado e tem todas as características do homem roceiro, sua voz é marcante pelo tom arrastado e diferente e sua história de vida retrata a vivência do afro descendente e do caboclo sertanejo.

Como disse Karl Marx:

Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem, não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.

Pedro Silva Rocha diz ter 39 anos, mas não tem certeza. Nasceu na fazenda Rio do Peixe no município de Niquelândia e hoje mora em Uruaçu Goiás.

O sobrenome não tem nada a ver com seus traços negros e seu perfil de homem do campo, Silva Rocha é uma família rica e pioneira de Niquelândia, Trairas e Uruaçu.

A explicação para esse sobrenome vem da história do povoamento de Goiás, que segundo os mais velhos era comum empregados com o sobrenome do patrão. Isso porque quando foi assinada a lei Áurea, o fazendeiro para não ficar sem seus serviçais, registrava os filhos pequenos dos escravos com seu sobrenome e assim estes podiam permanecer na fazenda trabalhando normalmente. Os avós e bisavós de Pedro, segundo ele, eram escravos.

Pedro é humilde, o que marca é seu modo de andar e o jeito de falar único.Seu trabalho é capinar roças, quintais e diz não sabe fazer outra coisa. Seu traje é sempre uma calça arregaçada acima dos joelhos, um boné virado para trás e uma camisa aberta deixando aparecer a barriga e quando não está descalço, está com uma velha botina.

Conheci –o quando pedia carona na saída de Uruaçu rumo à Niquelândia, me disse:

- O dona , a sinhora me oferece uma carona ai! To correno pruque o povo ta querendo mi bater, e vou dizê a verdade: num gosto di apanhá não!

Me simpatizei com aquela figura diferente e parecia ser sincero.

Daí a alguns dias o convidei para fazer parte das comemorações folclóricas no Memorial Serra da Mesa, ele se propôs a contar causos:

-Será que dô conta, num vô fazê feio não?

E ao microfone Pedro soltou o verbo:

- Tango calangotango, jabuti e nem lacraia, bicho que mata o homi ta dibaixo da saia!

- Em cima daquela serra passa carro e caminhão
Perereca na buzina urubu na direção
Perereca deu um peido e urubu caiu no chão

Um colega comentou que ele estava falando besteira, rápido retrucou:

- Esse cabra num é mais bobo por farta de ispaço!

Pedro foi sucesso no dia da Folia de São de José e no Dia do Índio no Memorial Serra da Mesa. Vestido de índio pegou o microfone com segurança e dizia:

- Índio é bom, índio não ranca mato, não suja água, não judia das criança!

E assim ele criou um repertório que chamou a atenção do público.

Surpreendi-o várias vezes esfregando os olhos e quando me via dizia:

- Caiu cisco no meu zói!

Após as apresentações fazia questão de perguntar se tinha ido bem e se podia voltar outro dia.

- Claro Pedro você já é um artista!

Confirmava e ele sorria feliz.

Num momento de descontração, lhe pedi que contasse um pouco sobre sua vida, responde rápido:

- Arguma coisa da minha vida? Vou começá logo rasgando a chita, se falá muito a sra. corrige!

E começa:

- Fui criado numa famia pobre, meio de carrancismo mermo! Assim no mei do mato, sem ricurso, mei na doida!

Dá fortes risadas, mas noto que esfrega os olhos escondendo uma lágrima. Deixo-o livre, pois se parece uma criança com medo, mas continua falando:

- Cheguei na cidade passei a cunhecê as coisa mais novata, cumo fogão de gás e outras coisa... Na roça os remédio era raiz de fedegoso pra tomar e curar arguma doença tipi estambo zangado... Esse negocio de hispital num tinha não!

Argumento:

- E os dentes como eram tratados?

Ele sorri, esfrega as mãos e diz:

- A gente iscovava com fumo ou cinza de fugão de lenha, e arrancava o denti à custa de linha de argodão, depois jogava em cima do teiado de sapé ou de babaçu dizeno: Morão, morão, tamo seu denti podi e me dá outo são!

Aí Pedro dá grandes gargalhadas completando:

- Isso é papeata dessis povo mais antigo, a sra sabe? Na minha famia eles usava muito ditado!

Sobre a leitura Pedro diz compenetrado:

-Sei lê mais ou meno, morano na roça quasi num aprendi pois tinha que ajudá meu pai capinar, nois era muito pobri, as veiz só tinha farinha pra cumê!
Lá arguma veiz eu leio, num seno matemática eu leio mais ou menos... Escrevê só garrancho, mas faço.

Quando peço para me falar sobre os melhores momentos de sua vida, ele baixa a cabeça, geme e demora a responder:

- Foi no tempo de eu pixote que num sirvia pra nada! Gostava de correr de cavalo de pau, cabo de bassoura e tomá banho no córgo, era só o que eu sabia fazê e assim num pricisava ir pra roça pruque era muito piqueno ainda!

Esfrega novamente os olhos:

- Mais fui cresceno ai fui pro pilão e pra enxada e cumo era muito custoso, apanhava muito!

Fica pensativo para dizer:

- O pió é que eu brigava dimais com minha irmã, fazia meus pai ficá quase maluco, fiço arte demais!

Dá fortes gargalhadas relembrando:

- Uma veiz joguei cisco de taboca no zoi de minha irmã, era uns espinzim, ela quaise ficou cega!... Mais tive que corrê pru mato e num adiantô nada, quando vortei pra janta e drumi, meu pai me pegou de vara!

Emocionado Pedro se cala. Me olha bem de perto e diz:

- Mais tem que dizê tudo? Eu num lembro direito, acho que vou chorá! Tô tão esquicido que num ta entrano na minha cachola as coisa direito! Vou pensá mais um pouco...

Pedro ainda é solteiro e sobre isso comenta:

- Graças a Deus nunca quis casá, conforme o casamento é sofrer duas veiz! Num vou negá e nem minti, nunca tive muié, quero não!

Sorrindo tira o boné:

- Oia pra mim, pixaim, cabelo ruim, do tempo do carrancismo, da antiguidade, quem vai querê? Pobri, da época do carro de boi, num tinha nem bicicreta a gente nem ouvia falá disso!

Quando ele fala de datas ai questiono sua idade, mas deixo rolar:

- Em 1950 por ai, quem usava carro de gasulina era ricaço, era só carro de boi e tropa. Geladeira entonse, nada! A luiz era na base da candeia de azeite!

Falando da família ele lembra:

- Só sei que feijão com farinha nois cumeu dimais por farta de arrois, já sofremo bastante. Trabaiava de arrimo pros outros em troca de mantimento: quaise assim tipo um dia de sirviço em troca de um litro de manteiga, nois num cunhicia essas mordomia aqui na rua...

Explica:

- Mordomia é igual hoje im dia vivê tranqüilo, tê máquina elétrica. Arguma época as muié ia pro batedor isfregar roupa na taba de chanfrão, num tinha escova, nem torneira, era na base da bica dagua. O arrois socado no minjolo, o café era feito de garapa de cana moída no engenho ou então macetava a cana e torcia na rabinha pra fazê o café. O café era arrancado no pé e depois de seco quebrava ele no pilão pra aí torrar na panela de ferro e moê no moim pra cuar.. O arroiz era tombem socado no pilão!

Sobre a comida ele descreve:

- O arrois era feito só na água e sal, o povo achava mais favorave. A carne era desses bicho do mato mermo... Argum viado, macaco... Já comi macaco demais. Os gaieiro meu pai matava cum espingara de dois tiro. Hoje o Ibama proibiu, num deixa matá mais não! Tombem num ta tendo bicho mais!

Depois de certo tempo pensativo, ele levanta e diz:

-Agora vou mim embora, mas cuma num gosto de minti, vou contá uma coisa pra sinhora...

Curiosa pergunto:

- Mesmo Pedro? Lembrou de alguma coisa interessante?

- A sinhora vai me discurpar, mas eu inganei a sinhora umas veizes!

Assustada acelerei a mente para descobrir em que fui enganada, quando Pedro com toda humildade revela:

- Sabi quando eu falei que tava com cisco no zói? Eu tava mintino pra sinhora, eu tava é chorano mermo!

Me despeço do Pedro, a figura humilde que representa o modo de ser do homem da roça, o trabalhador. Mesmo sempre na lida dura, no cabo da enxada e no pilão, Pedro tem um sonho: quer ser artista. Porém ele não sabe que naturalmente já é um grande artista...

Ele se vai e eu agora é que tenho um cisco no olho...

Fonte: http://www.overmundo.com.br/overblog/pedro-trabalhador
Sinvaline · Uruaçu, GO
02/05/2009

sábado, 1 de maio de 2010

VEJA VIDEO

http://www.youtube.com/watch?v=fwRu0MOxfRw&feature=fvst

terça-feira, 27 de abril de 2010

NOTÍCIA

Geografia preservou tradição quilombola
Especial para a a Folha de S.Paulo, em Goiás

Antes de englobar parte do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, o município de Cavalcante já abrigava um dos principais quilombos brasileiros: a comunidade calunga.

É fácil entender por que os escravos que escapavam se refugiavam nessa região mais de 200 anos atrás. A chapada dos Veadeiros é um mar de serras, morros, cânions, cachoeiras e olhos-d'água, e os paredões de pedra formam muralhas penosas de ultrapassar. O isolamento foi a defesa contra os senhores de escravo que queriam reconduzir os quilombolas à escravidão. E esse isolamento --que diminuiu bastante nos últimos anos-- contribuiu para preservar a identidade e o modo de vida tradicional.

Atualmente, alguns povoados recebem turistas e permitem que eles tomem banho nas cachoeiras locais. Em Engenho 2, uma das líderes locais, dona Getúlia Moreira da Silva, 46, faz comida para os visitantes e vende tecidos feitos à mão. Muitas mulheres calungas ainda sabem descaroçar o algodão, estirá-lo, colocá-lo no pau do fuso e rodar para fiar a linha.

"Desde que me entendo por gente, vivemos do que arrancamos da terra: arroz, feijão, milho, mandioca, abóbora, quiabo, coentro e alho. Hoje falta lugar para plantar. Os grileiros venderam muitas terras. Agora, com o sítio histórico do calunga, esperamos que a situação mude", explica dona Getúlia. A área foi reconhecida oficialmente em 1991 como sítio histórico que abriga o Patrimônio Cultural Calunga.

"Antes, tínhamos medo dos turistas. Eles entravam, não falavam com ninguém. Depois, começamos a organizar as visitas", afirma. Questionada sobre o número de habitantes da comunidade em Engenho 2, responde: "Conheço todo mundo, mas tenho de fazer a conta". Há cerca de 60 casas ali.

"Ainda tem muita gente analfabeta aqui, mas já temos escola da 1ª até a 5ª série. Antigamente, todos moravam na beira do rio. Hoje, já tem até água encanada e agente de saúde "filho da terra"."

Um dos principais debates na aldeia gira em torno da chegada iminente da energia elétrica. "Só usamos lamparina. Tudo é feito em cima da hora porque não temos geladeira. Até o frango matamos na hora", diz dona Getúlia.

"Na época da eleição, conhecemos muita gente; eles sempre vêm fazer propaganda. Só o prefeito que vem de vez em quando."

Jorge Moreira de Oliveira, 35, costuma viajar a Brasília e Goiânia para reuniões sobre a comunidade nas quais defende melhorias como mais escolas, atendimento médico e turismo organizado.

"Não há normas certas sobre os turistas. Precisamos definir bem as coisas para evitar problemas e parar de perder as tradições", alega. "Mesmo em Brasília, muitos calungas encontram gente da comunidade e procuram casar entre si." Com frequência cada vez maior, os jovens vão estudar em cidades próximas e não retornam.

Cerca de 4.000 calungas se espalham por vilarejos em Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre. Fundada em 1740, Cavalcante (a 330 km de Brasília) foi a capital regional da chapada dos Veadeiros até a ascensão de Alto Paraíso.

Segundo Ion David, 29, diretor da agência Travessias, "as pessoas têm preconceito em relação aos calungas. Pode-se dizer que eles fazem trabalho forçado na região, algo como uma escravidão remunerada". Festas típicas como as de Nossa Senhora das Neves e d'Abadia, além das folias de Reis, de São Benedito, do Divino, de Santo Antônio e de São João, atraem membros da comunidade calunga e de cidades próximas.

Muitos calungas são religiosos, mas não deixam de contar histórias dos seres dos rios.

A piratinga monstro (maior peixe de couro do Brasil, que chega a pesar mais de 150 kg) devora os dedos dos jacarés. A pirarara (peixe com uma faixa amarela) vive na cachoeira do Funil, "deitada em cima de uma corrente de ouro". Os calungas contam que ela tem a cabeça apoiada num lado da cachoeira e o rabo no outro. A maioria das crianças sabe de cor os nomes dos peixes.

FOLHA ONLINE
CONTRIBUIÇÃO - WELLINGTON - 1 LIC QUIMICA

sábado, 24 de abril de 2010

Vejam as tarefas postadas

Roteiro de pesquisa/ turmas IFG

Em grupos de 5 pesquisem segundo o roteiro:

1. Negro e mercado de trabalho.
Considerem as realidades
- Nacional
- Estadual
- Local

Desenvolva os tópicos
- Principal ramo de atividade de atuação do negro
- Desemprego
- Condições de vida
- Rendimento médio

Fatores determinantes
- Educacionais
- Culturais

2. O negro e a criminalidade


Esta pesquisa tem o valor de 10,0
Será apresentada no final do bimestre em data a ser agendada.

Professora Maria Aparecida

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Navio negreiro - fragmentos

Navio Negreiro
Castro Alves

I
'Stamos em pleno mar...
Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

........................................................
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
...................................

III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
das imensidades! Varrei os mares, tufão! ...

................................................

VI

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia? Silêncio.
Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ...
Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!